Obras em produção…

Contemplando obras de Maiolino, as crianças usaram as mãos e os movimentos, expressando ideias nas formas e criações. Nas pontas dos dedos em contato com a argila, a arte foi tomando forma, o manuseio e controle do material, até que por fim a escultura em si. Uma possibilidade de falar através do que se produz, de imitar e renovar, de participar e realizar. A arte está em cada detalhe, em cada curva, em cada parte do que se criou. As obras falam, mostram o controle do artista, a concentração, a paciência e a intencionalidade. Nossas crianças foram protagonistas nesse desafio e suas criações são um encantamento!

“Eu adoro mexer a argila, sempre dá para fazer muitas coisas com ela.”

Joaquim – 5 anos

“Eu consegui fazer igual a Anna Maria, todas as curvinhas.”

João Miguel – 5 anos

“Para algumas formas precisamos fazer minhoquinhas primeiro. Fica mais fácil.”

Isabella – 5 anos

“Eu acredito que toda arte é um tipo de resistência”

Ana Maria Maiolino

Manuseando…

Onde as mãos encontram a matéria e a transformam em obras primas… é onde moram as falas, as ideias e a criatividade.

“A arte é uma forma de crescimento para a liberdade, um caminho para vida.”

Fayga Ostrower

REGISTRO DE OBSERVAÇÃO

Preferências e alimentação saudável

Atividade ao ar livre para crianças

 Ao ar livre as crianças caminham em direção a um espaço criado com carinho, onde os materiais posicionados em um círculo têm em seu centro uma cesta contendo frutas diversas.

As crianças logo se recordaram do tema tratado em grupo e ressaltaram de quais frutas gostavam mais, que sabores, cheiros e texturas os agradavam.

Aquarelas, potes de água, canetas pretas, lápis de cor e de desenho e canetinhas são oferecidos para que elas possam escolher os riscantes para seus registros.

Aos poucos vão se aproximando dos materiais e observando a fruteira à sua frente. Cada criança tem um ângulo diferente.

Habilidades da criança

 – Da onde eu estou consigo ver mais bananas. – diz Joaquim ao sentar-se em seu espaço.

-Eu já consigo ver mais maçã – complementa Gabriella.

Assim,  percebem que seus lugares trazem ângulos diferentes da fruteira. Eles são convidados a trocar de posição com um colega se acharem pertinente, mas acabam aceitando os lugares em que estão.

-O que é para fazer? – pergunta Hayla

A professora logo retoma. – O que vocês acham que faremos aqui?

-Vamos pintar, ué! – diz Isabella segura da atividade à sua frente.

-Pintar o que? – responde a professora.

-Vamos desenhar a fruta que gostamos? – pergunta João.

A educadora retoma algumas descobertas sobre as frutas e  que as crianças trouxeram algumas para a montagem de uma fruteira. Algumas imagens são dispostas ali para que observem os registros de observarão feitos por adultos e crianças, partindo do que eles viram ao observar uma fruteira. As crianças se animam e seus registros começam a aparecer por traz de seus olhares curiosos.

-Vou fazer as bananas, porque é mais fácil – diz Lorena.

-Eu gosto de bananas. – diz Lorenzo F., ao escolher ela para desenhar.

-Vamos olhando e desenhando, é isso?! – pergunta Lorenzo P.

A turma se conecta na observação e registro e em um grande silêncio. Foi possível ouvir o riscar dos lápis, observar o vai e vem dos pincéis.

 Observamos a fruteira, o cheiro de algumas frutas invadem o ambiente. As crianças declinam seus olhares com admiração e fazem delicadamente o registro com cores e traços muito sensíveis.

REGISTRANDO…

Passado um tempo, as crianças foram convidadas a observar em outro ângulo, com essa troca de lugar, os registros mudam…

-Tem diferenças, porque cada um desenha de um jeito. – diz João.

-E cada um viu uma parte. – complementa Lorenzo P.

-É, eu não conseguia ver direito esse lado – Diz Gabriella ao ver o ângulo da amiga.

A troca vai acontecendo, onde de tempo em tempo as crianças mudam de  lugar. Ao findarem todas as observações, cada criança se encarrega em pegar o desenho e caminhar até a professora que os orienta a colocar para secar num espaço reservado.

A experiência trouxe siginificado para este fazer, os olhares observadores e criadores conseguem ver cada traço e as diferenças dos alimentos expostos e, ao final,  fizeram a degustação de cada uma delas.

“O significado não provém apenas do ver ou observar, ao contrário, ele é construído. […] A prática da documentação não pode, de modo algum, existir à parte do nosso envolvimento no processo”. (DAHLBERG, MOSS E PENCE, 2003, p. 193)

NOME PRÓPRIO

O nome próprio é uma importante referência para a inserção da criança em seu processo de apropriação da linguagem escrita, por isso, as crianças do G5 são constantemente convidadas a vivenciar experiências para esta construção.

Nessa proposta, fazendo uso dos elementos naturais disponíveis, as crianças do G5 B representaram as letras de seu nome próprio. O resultado dessa proposta ficou encantador e admirável.

“A escrita da criança não resulta da simples cópia de um modelo externo, mas é um processo de construção pessoal”.

Emilia Ferreiro

INVESTIGANDO A “COBRA”

MINI-HISTÓRIA

Os contextos de pesquisa e investigação fazem parte do cotidiano do G5A, um grupo muito potente e curioso que de tempos em tempos encontra um questionamento para ampliar seus saberes, testar suas teorias e serem surpreendidos pelas novas descobertas.

Em um dia transitando pela escola, encontramos com a professora Fabiana, rapidamente o grupo percebe que a professora carregava algo dentro de um pote e prontamente Isadora questiona:

“Prô Fabi, o que é isso que você tem aí?”

A professora então mostra para o grupo e conta a história do porquê está com o pote.

“É uma cobra G5, ela apareceu morta no quintal da casa da minha mãe e eu trouxe para quem quisesse conhecer e ver…”

O Grupo se manifesta com muita euforia e animação: “EUUUU QUEROOOOOO, PRÔOOOO!!!”

Desta forma, decidimos planejar um momento de observação para que as crianças conhecessem o animal e pudessem compartilhar saberes ou criar teorias e hipóteses a respeito do curioso réptil. Então, as ideias e comprovações a respeito do animal começam a surgir:

Alice se expressa: “MEEEU DEEEUS! Olha aqui, eu já sei! Ela tem veneno e o veneno dela sai por aqui olha, só tem algumas partinhas brancas e esse é o veneno com certeza!”

Giovana responde: “Eu não sei não, olha o olho dela que diferente… é daqui então, ela é uma cobra que solta o veneno pelo olho!”

Helena Viana: “Ela só pode ter veneno mesmo! Aí que medo, nossa … vou ver ela daqui.”

Miguel: “Eu acho que ela é uma coba muito boazinha e animada!”

Marcela: “Ela não é muito grande né?… e tem um rabinho fininho.”

Isadora: “Olha como é o corpo dela com as cores, será que ela tem mesmo veneno, será que ela era perigosa?”

Mariah: “Eu amei ela, uma cobra bonita. Você viu o olho dela que diferente? O que aconteceu… será o veneno?”

Após suas primeiras impressões a professora prepara um momento de roda de conversa para que o grupo possa compartilhar seus conhecimentos, questionamentos e dúvidas para nortear uma pesquisa a respeito do animal. 

“Contem para a Prô o que vocês perceberam ou querem compartilhar sobre a cobra!”.

Prontamente as hipóteses surgem, todos querem compartilhar suas ideias a partir da observação que lhes proporcionou tantos questionamentos e teorias ganham ainda mais força a partir da escuta ao outro, a troca de ideias sobre o réptil.

Luigi: “Essa cobra com essas cores é igual as cores do índio!”

Leonardo: “A reportagem que eu vi com esses bichos, sabe onde eles vivem? Só na África! As cobras daqui são diferentes das de lá.”

Novamente Luigicompartilha seus saberes:

“Eu acho que essa cobra é uma jiboia, a jiboia ela consegue até comer um porco! Ela pode ser uma serpente também porque só as serpentes tem a parte da cabeça assim (Puxa suas orelhas para representar o animal).

Gabriella: “Se ela é uma jiboia ela é muito forte sabe porquê? Porque ela consegue esmagar as pessoas.”

Alice: “No corpo dela tem veneno!”

Antonella: “Sabe de onde ela pode ter vindo? Da Santa Catarina.”

José Roberto: “Da santa Catarina ou da África ela pode ser perigosa, ou será que ela é sem veneno?”

São tantas curiosidades que a professora questiona o grupo sobre as informações e propõe:  “Podemos fazer uma pesquisa para confirmar as informações que já temos e descobrir novas, o que acham?”

A empolgação toma conta do momento, muito curiosos dizem: “Vamos subir para pesquisar agora!”.

 Um momento único, cheio de significados, boas e importantes contribuições para uma pesquisa que dialoga com os desejos das crianças de 5 anos como pequenas cientistas que são!