Aprender sobre a importância de pesquisar notícias de jornal como sendo um gênero significativo e curioso fez parte de uma aula de Linguagem e trouxe ricas apreciações. já que muitas crianças não o conheciam.
No contexto da aquisição da escrita, ampliar repertório das crianças é fundamental, e traz objetivos importantes para o aprendizado. Essa prática contribui no desenvolvimento da leitura e compreensão, amplia vocabulário de novas palavras e de notícia sobre o que está acontecendo ao nosso redor e no mundo, além de desenvolver a linguagem oral e o pensamento crítico.
Assim, as crianças do 1° ano A , “Turma do Elefante “, levaram como tarefa de casa, pesquisar uma notícia de jornal, impresso, digital (internet), ou telejornal, para que, no dia seguinte, em roda , pudessem compartilhar com o grupo.
“Jornalismo é como se fosse um fio, que liga as pessoas ao mundo.”
O quintal da nossa escola conta histórias todos os dias das crianças que passam por ali. É um lugar tão comum e que está constituindo a memória e o imaginário de cada criança, algo muito especial porque faz parte do território da infância brasileira também dos pais.
A prática no Quintal Cantareira é uma grande descoberta para as crianças do berçário. Em prazerosas experiências, vamos trazendo sentido à construção de conhecimento de mundo, aproximando a criança ao que ela merece viver: uma infância plena e feliz!
Nosso olhar para as experiências ali são para crianças que apreciam o brincar livre e complexo, as pesquisas dos elementos, a observação das árvores, dos bichinhos, da areia, da água… Tudo o que veem tem sido parte da construção de um processo de conhecimento livre em que elas são protagonistas de suas escolhas.
MEMÓRIAS QUINTALEIRAS
“Cada um dentro de si guarda um sonho de quintal, de chão de terra batida, um tremendo festival de fruta doce no pé, chuva, sol e vendaval.
O perfume de quintal impregna o ambiente. Cheira a flor, fogueira, lama, fruta, pão e bolo quente.
Tudo lembra o carinho de vó que acolhe a gente. E os bichos que tem lá? Aparece até serpente!
Tem formiga, borboleta, tem bichinho diferente. O que vive no quintal criança transforma em gente.
Também dizem por aí que tem seres encantados! Tem fadinha e gnomo, o que for imaginado…
Brincadeiras no parque são essenciais para o desenvolvimento infantil, promovem habilidades motoras, sociais e cognitivas enquanto a criança explora e interage com os pares.
Nosso quintal aqui na escola é um dos ambientes favoritos das crianças, pois além de ser um lugar de grandes descobertas, elas podem criar e recriar suas histórias com as mais variadas possibilidades.
Em um dia ensolarado, chegamos animados para brincar, ao perceber os vários brinquedos espalhados pelo quintal , Apollo e Arthur tiveram uma ideia, abrir um restaurante de frutos do mar.
Apollo – “Prô, você gosta de peixe? Vou preparar para você”.
“Em volta do nosso restaurante precisa ter uma rua com prédios”, disse Arthur.
Bernardo e Theodoro ouviram o diálogo e decidiram participar da construção de uma grande cidade, não existe restaurante no meio do nada, temos que fazer construções, disse Bernardo.
E em seguida começaram a produções para a construção dessa cidade, muitos prédios, casas e até escolas surgiram ali no quintal, as folhinhas achadas pelo caminho viraram ingredientes para uma deliciosa sopa.
Maya – “Quero que todas as crianças do mundo visitemnosso restaurante”.
Laura – “A branca de neve veio visitar nosso restaurante!!!”.
Neste momento, Antonella muito entusiasmada com a ideia de uma princesa estar no restaurante, disse: “Precisamos cozinhar muitas coisas gostosas”.
Julia pensou em algo que ninguém havia pensado antes…
” Gente, nosso restaurante precisa de um nome”.
Neste momento o silêncio tomou conta de todos, até que Vinícius disse “Restaurante do tigre”. A ideia foi aceita por todos, já que o nosso grupo se chama Turma do Tigre.
E assim surgiram muitas comidas gostosas em um ambiente preparado especialmente pelas crianças. Uma vivência de trocas e interação com o outro, com o espaço e com as ricas possibilidades de aprender!
“Na interação com os seus pares e com os adultos, a criança vive experiências de atenção pessoal e outras práticas sociais, aprende a se perceber como “eu”, alguém que tem desejos, concepções e interesses próprios, que considera um “outro” também com desejos e interesses próprios e tomam consciência do “nós”, ampliando o seu olhar para um ambiente social que inclui culturas e lugares em que há pessoas que têm costumes semelhantes ou diferentes dos seus”.
Como uma ação natural do ser humano, brincar de comidinha faz parte da infância desde muito cedo e é porta de entrada para o universo dos jogos simbólicos para as crianças.
No berçário isso começou a acontecer no brincar, seja no quintal ou na sala referência, até mesmo os bebês menores já concebem que alimentar-se é parte de seu cotidiano, portanto representam através de gestos e vão preparando sua comidinha, usam a colher para levar as folhas de um pote a outro e, em alguns momentos, simbolizam que estão comendo.
O faz de conta começa a ganhar sentido neste processo, os ingredientes são folhas e flores secas, sementes e areia. A cada ação, uma criança experimenta este brincar, as vezes observam o que o colega ao lado faz e reproduz, demonstrando o quanto brincar em parceria faz sentido para elas.
Como as crianças do berçário são tão curiosas, elas experimentam esses momentos diariamente quando disponibilizamos objetos e elementos para este brincar. Ali, elas estabelecem vínculos com o momento da refeição, partilham sabores imaginários e preparam suas comidas.
O quintal ou a sala podem ser um rico espaço para isso, pois cozinhar faz parte dos nossos costumes e comer é parte importante da necessidade humana, passa de geração para geração construindo memórias muito afetivas.
As crianças sentem um grande impulso de explorar e descobrir por si mesmas a maneira como os objetos se comportam no espaço quando são manipulados por elas. Na fazendinha, objetos são dispostos, bacias, panelas, funis e muitas possibilidades para criar e descobrir o mundo. Neste percurso de explorar as possibilidades, as crianças passam a se perceber parte do contexto e, na medida que investigam, vão conhecendo a si mesmas.
Gael escolhe a panela e a concha que estão logo ali. Nesta faixa etária, as crianças apreciam muito mais materiais não estruturados e suas possibilidades do que brinquedos prontos.
Ele enche uma panela com areia utilizando a concha e há um cuidado na escolha de onde buscar a areia. Ora aqui, ora ali, observamos a lógica do seu pensamento ao esvaziar e preencher a panela vazia novamente com areia. Durante longos minutos ele faz sua pesquisa e se mantem concentrado em seu fazer.
Este espaço é propositor de exploração, o simbólico está muito presente nesta faixa etária e uma culinária é feita, Manuella, Melissa e Helena se concentram e escolhem os utensílios como bacias, panelas e colheres para iniciar os combinados das receitas que cozinharão.
Enchem as bacias e panelas de areia e folhas, revezando, uma depois outra, em um ritmo respeitoso nesse brincar das delícias, sendo a amizade o ingrediente secreto que traz os melhores sabores.
Narrativas vão surgindo…
Crianças: Helena 3 anos; Melissa 3 anos e Manuella 3 anos
“Tô mexendo minha comida com essa colher, pra não queimar!” Melissa
“Posso pegar um pouco, eu também vou fazer uma comidinha!” Helena
“Um pouquinho pra mim e outro pra você, pronto agora vai ficar gostoso!” Manuella
Dentro do tanque de areia, observo que Isaac vivencia uma pesquisa individual… Está imerso em seu fazer, vai colocando areia em uma forma utilizando uma pá até que a forma esteja totalmente cheia. Agora, ele se ajusta para desenformar, com todo cuidado e atenção, dá umas batidas na forma e depois segura com as duas mãos e vai levantando a forma. Há uma alegria satisfatória ao contemplar sua receita finalizada. Receitas que o imaginário enche de sabor!
“Ah que gostoso!” Diz Isaac.
Uma pesquisa muito potente…
Nesta manhã de exploração, observo que Julia se concentra e movimenta seu corpo para sentir a terra. Ela manuseia, envolve as mãos no chão com movimentos de enterrá-las, observa a areia cair por entre seus dedos e o quanto, mesmo tentando tirá-la, ainda fica presa em suas mãos e dedos. Agora, bate as mãos percebendo que a terra cai e nesse ritmo sem pressa ela o faz repetidamente. Assim, vai descobrindo o elemento em uma conexão de maravilhamento.
Observo que, assim como Julia, Rafael faz movimentos de enterrar suas mãos na areia, este elemento é muito apreciado pelas crianças deste grupo e ele observa como passa por seus dedos e cai no chão. Percebo que seu encantamento se dá enquanto enterra e tira as mãos da terra misturada à areia, ele não sente medo ou receio em explorar, quer sentir a textura e o faz com entusiasmo.
Com um sorriso de alegria a cada movimento de fluidez da areia, Rafael repete os movimentos, preenchendo e esvaziando as mãos… Um processo que requer tempo e disponibilidade da criança que está entregue à sua exploração!
E o inusitado acontece…
Matheus explora os materiais e os elementos dispostos, mas algo inusitado acontece. No caminhar de cá para lá e de lá pra cá, ele encontra uma bola amarela que provoca muita surpresa e alegria. E foi neste lançar de bola, correndo pelo quintal, que se revelou para nós as gargalhadas de um jogador.
“Tchu, tchu, tchu!” Sons feitos ao dar cada chute.
“E goool!” Diz, cheio de vibração ao correr como quem ganha um jogo!
Jogo simbólico… Minha filha
Com uma escuta ativa que potencializa a ação das crianças, percebemos que, mesmo ainda comunicando-se pouco verbalmente, as ações das crianças pequenas têm muito a nos contar…
Rafael, ao observar sua amiga Melissa em seu cuidado com a boneca, escolhe uma também. Uma bacia cheia de água com sabão e muita diversão o convida para o mundo do faz de conta.
“Essa aqui é minha filha que vai tomar banho!”
“Olha, Melissa, ela já tomou banho!”
“Agora a gente troca a roupa para passear, assim oh!”, diz Melissa.
Ambos se concentram neste brincar e no simbólico que os convida aos cuidados com sua “filha”…
A turma do 1º ano B vivencia no Ateliê a exploração sensorial e poética com a argila, há neste elemento infinitas formas de manuseio e para esse grupo, a argila já é familiar.
Nesta sessão de exploração, as crianças utilizam a argila para um registro tridimensional dos animais da fauna brasileira e neste percurso, foram narrando sua criação…
Estou fazendo a escultura do leão que é o rei da floresta!
Manuella Soares
Gosto do macaco prego! Os humanos precisam cuidar mais da natureza!
Yasmin
Estou fazendo a cobra coral que está em risco de extinção!
Manuella Felinto
Eu criei o tucano! Esse bichinho é lindo!
Aimê
Aqui é a onça pintada!
Arthur Pepino
Eu adoro o bicho preguiça!!!
Rafaela
Eu fiz a onça-pintada que está correndo risco de extinção!
Victória
Estou fazendo a cobra coral!
Gustavo
Estou fazendo o bicho preguiça!
Felipe
Eu fiz o lagarto marrom!
Eduardo
Eu adoro a arara vermelha, então resolvi criar uma feita de argila!
Gabriel
Eu criei um lobo-guará gigante!
Miguel
“Durante os primeiros anos de vida, as crianças desfrutam de um potencial único na relação com seu corpo, estando com os sentidos aflorados, gestos e movimentos fluidos, instigados pelas descobertas que promovem, através das quais formam sua consciência a respeito de si mesmo, dos outros e do mundo.”
A batata doce é um alimento que nos surpreendeu com o espetáculo do seu crescimento.
O grupo do G5B está em processo de observação desde o plantio na água, uma experiência que requer um olhar científico para a transformação.
Desde o primeiro contato, essa experiência foi de muitas hipóteses, em 15 dias as crianças já notaram pequenas raízes e folhas, encantamento ao olhar e que foram traduzidos em seus registros.
DESENHOS DE OBSERVAÇÃO / NARRATIVAS
“Ela vai beber a água pela pontinha, aqui fora também é pontinha, mas ela só bebe por uma pontinha!”
Yasmin
“Eu sei como ela vai crescer, sabia? Ela precisa de muita água pra crescer forte, mas se não tem terra…” “Tem razão, para ela se alimentar ela precisa de água.”
Pedro
“Ela é engraçada e bonita, tem muitos pontinhos, mas sem a terra ela pode crescer mesmo? Quando eu plantei, eu precisei pôr terra toda em cima…”
Lucas Carvalho
“É, eu acho que pode dar certo, mas se ela crescer mesmo vai virar uma árvore, porque se a gente vai plantar…”
Chiara
“A que eu trouxe ela é engraçada, parece até que tem uma cara aqui, eu gostei muito dela, nem tinha reparado antes.”
Bernardo
“Plantio é de planta, né!?? Mas se a gente não vai plantar … AH, agora eu já entendi, a gente come e cresce, ela vai se alimentar e vai crescer. A minha deve estar com fome mesmo, porque essa pontinha tá com uma cara de que quer comer.””
Catarina
“Minha batata doce não é muito grande, ela tá com a cor certinha e tem só uma marquinha aqui, todas são diferentes.”
Luca
“Ei, eu gostei muito dela, a cor dela é diferente de todos os outros e a minha tem varios furinhos aqui, vou fazer todos, parece que ela quer crescer aqui do lado. Ela vai crescer mesmo! Eu sei …”
Rodolfo
“Minha batata doce, bem assim, toda mexidinha… mas vou fazer o pote aqui com a água dentro, porque ela ainda não cresceu.”
Lorenzo
O que aconteceu neste processo investigativo foi observar com atenção, cuidar para ver crescer, indagações sobre a experiência. Dessa forma, as crianças percebem que a vida é um processo que requer atenção e sensibilidade, que a planta só cresce se for cuidada, assim como todo ser vivo. É o ciclo da vida em nosso Ateliê!
PROCESSO DE REGISTRO GRÁFICO
“A vida tem sua própria sabedoria. Quem tenta ajudar uma borboleta a sair do casulo a mata. Quem tenta ajudar o broto a sair da semente o destrói. Há certas coisas que têm que acontecer de dentro para fora…”
PESQUISA • CONHECENDO OS ANIMAIS DA FAUNA BRASILEIRA
Este é um processo documental que revela a vivência do grupo da Primeiríssima infância no contexto de aprendizagem sobre animais brasileiros e, a partir da pesquisa, as crianças foram convidadas a escolher o nome do grupo.
RODA DE CONVERSA
PESQUISA • CONHECENDO OS ANIMAIS DA FAUNA BRASILEIRA
REGISTRO
OBSERVAÇÃO DOS ANIMAIS
“Jacaré é forte, grrrrr!”
Rafael D. (2 anos)
“Arara azul vai deixar de existir. Que triste!”
Melissa (3 anos)
“Meu papagaio também tem muitas asas!”
Helena (3 anos)
“O lobo guará parece uma raposa.”
Manuella (3 anos)
“Olha a onça sussuaranaaa!”
Matheus (2 anos)
“Mãos que são capazes de transformar e deleitar-se com o fluir, viver o encontro consciente com a sua ação!”
Cada criança tem um traço próprio, histórias e desejos singulares, que caracterizam percursos e ritmos de seu desenvolvimento, interage e brinca para aprender.
Neste percurso, o grupo do 1º ano A vivenciou uma experiência de Ateliê que remete à beleza do cotidiano, às cores e formas da flor, à observação dos detalhes, das miudezas.
“A beleza existe porque é contemplada.
Que beleza teria a flor sem o olhar que a admira?”