A função social da escrita

Escrita de bilhete

O mundo da leitura e escrita está na vida de nossas crianças muito antes delas estarem na escola. No 1º ano é preciso criar situações de aprendizagem que as leve a se apropriarem da escrita de maneira natural e sobretudo com propostas que estejam relacionadas ao dia a dia, que tenham sentido para elas. Assim, valorizamos os conhecimentos prévios que cada uma traz acerca da escrita,  a fim de que essa produção tenha significado para elas.

À medida que a criança vai adquirindo novos conhecimentos, ela percebe a função social que a linguagem tem, sente o desejo de ler e de escrever, entendendo a importância que a escrita tem para comunicar algo, informar ou expressar desejos e ideias ou mesmo narrar uma história.

Diante desses conhecimentos, as crianças do primeiro ano B – Chuva de Ouro- se apropriaram do gênero textual BILHETE. Ainda muito presente na vida de muitas pessoas, o bilhete traz muito significado para elas, uma vez que podem, através dele, mandar uma mensagem escrita para uma pessoa próxima ou amigos.

As crianças ficaram muito curiosas com essa possibilidade e trouxeram falas coerentes:

“Prô, a gente envia o bilhete pelo correio?”

“Minha mãe deixa recadinho na geladeira para não esquecer as coisas”.

“Minha mãe manda bilhetinho na lancheira”.

Escrevemos bilhetes para as famílias, escrevemos bilhetes para outros grupos, escrevemos bilhetes para a direção da escola fazendo um convite. Foram importantes situações de escrita que ampliaram os saberes do grupo acerca deste gênero textual, transformando a alfabetização em algo muito prazeroso. 

AGRUPAMENTOS PRODUTIVOS

Os agrupamentos têm como princípios os saberes já adquiridos pelas crianças em sua trajetória escolar, assim como a diversidade de saberes existentes contribuem com a construção de novos saberes em parceria com o outro. É uma forma de trabalho ancorada na interação entre as crianças com a mediação do professor.

O trabalho em sala de aula com agrupamentos produtivos leva em conta saberes diferentes e possibilita compartilhá-los. Nesta troca, o que cada criança sabe acerca do sistema de escrita, por exemplo, é discutido e confrontado, relacionando aos conteúdos, assim como pensar em outras possibilidades para a resolução da situação demandada pelo professor.

Esta proposta de construção de escrita vivenciada pelo 1º ano B  possibilitou também que s crianças analisassem os diferentes pontos de vista do pequeno grupo e negociar um acordo que representasse a opinião de todos do grupo em questão. Dessa forma, a professora não assume o papel de único informante em sala de aula, tampouco é visto por seus alunos como aquele que detém o conhecimento principal, mas sim como aquele que compartilha informações e fatos com a turma e valida os saberes importantes que cada criança traz consigo permitindo que este seja o centro do processo de ensino / aprendizagem.

“Ninguém educa ninguém, como tampouco ninguém se educa a si mesmo: os homens se educam em comunhão, mediatizados pelo mundo.” (FREIRE, 1987, p. 79).

A construção da escrita

Nossa abordagem tem como um dos preceitos no campo da alfabetização o trabalho com os agrupamentos produtivos, ou seja, em duplas de crianças.

No 1º ano consideramos os saberes diferentes de cada criança e, por isso, a professora Fernanda traz estratégias que possibilite que esses saberes sejam compartilhados, confrontados, transformados através da discussão e que, ao mesmo tempo, possam ainda ampliar conhecimentos e avançar na hipótese de escrita, por exemplo.

A turma do 1º ano B participou de uma proposta de escrita onde o grupo realizou várias leituras de diferentes contos de fadas e, a partir da leitura do conto “Cinderela”, realizaram a atividade em duplas produtivas para reescrever o que estava acontecendo em cada situação apresentada nas figuras.

 O trabalho em duplas, no qual a criança trabalha em colaboração com um ou mais parceiros, permitiu que elas confrontassem aquilo que já sabiam, mas também a refletirem sobre outros aspectos, como as melhores letras, a separabilidade das palavras, as discussões sobre sílabas mais complexas, etc.