Alunos voluntários contam suas experiências com os Projetos Sociais

Os projetos sociais fazem parte da história do Colégio Cantareira. Já foram adotadas diversas estratégias e ações de cunho social ao longo dos 40 anos da escola, como campanhas do agasalho, recuperação de espaços públicos, doação de brinquedos e alimentos.

A coordenadora dessas ações, a psicóloga escolar Rosangela, lembra a importância desse tipo de projeto na formação dos adolescentes.

“Através de vivências, propiciadas pelos projetos, os alunos conseguem perceber, através de situações concretas, que gestos de carinho, solidariedade, doação de tempo e afeto fazem uma diferença incrível na vida do outro.”

Para entender como essa troca rica de experiências pode ser transformadora, conversamos com parte dos alunos de 6º ao 9º ano (séries foco dos projetos neste ano), que estão diretamente envolvidos em todas as etapas do projeto.


APRENDIZADO

Orgulho de participar, emoção e surpresa são as impressões que primeiro se notam ao conversar com esses jovens.

Protagonistas dos projetos, os estudantes se mostram orgulhosos e sabem que esta é também uma oportunidade de crescimento pessoal.

A aluna Fernanda, do 6º ano, relembra a emoção que sentiu ao ver a peça de teatro encenada pelos assistidos do Recanto Nossa Senhora de Lourdes: “Mexeu muito comigo. Eu vi que todos podem ensinar e eu aprendi com eles.”

Os alunos do 6º ano estão à frente do Projeto Educação, Acolher e Aprender a Lidar com as Diferenças, no qual trabalham com as crianças, jovens e adultos com deficiência.

Os alunos voluntários do 6º ano, Cézar, Sarah, Fernanda e Lorena

A curiosidade foi o primeiro impulso que levou Sarah a participar do projeto. Ela queria saber como é o dia a dia das pessoas com deficiência (PCDs). A aluna, que já tinha participado de ações semelhantes com o pai, conta que a visita ao Recanto serve para que os assistidos se sintam acolhidos e respeitados.

A avó de Lorena, também do 6º ano, é professora de crianças com deficiência, o que permitiu a ela uma maior familiaridade com o assunto. Ela acredita que as pessoas “excluem sem querer”, baseadas no desconhecimento e preconceito. “A oportunidade de bater papo com eles me ensinou muita coisa”, diz a aluna.

Seu colega de sala, Cézar, aponta que o contato com PCDs é muito importante. “Eu aprendi que eles são mais capazes do que eu pensava.”

Os alunos voluntários são unânimes em afirmar que a convivência com PCDs é uma forma eficaz de diminuir preconceitos e que sua participação no projeto social pode influenciar positivamente amigos e familiares.


ALUNOS DO 7º ANO BUSCAM INSPIRAR O BAIRRO

Como um grupo de alunos, uma praça e boa vontade podem inspirar uma comunidade? Os alunos do 7º ano estão estudando as possibilidades de resposta para essa pergunta.

Os alunos voluntários irão, ao longo de 2023, adotar medidas para revitalizar a Praça Anibal Gomes, um pequeno espaço público no entorno da escola. A ideia é que o projeto funcione a longo prazo, diminuindo o vandalismo e engajando os moradores a serem fiscais e apreciadores do espaço.

A aluna Maria Fernanda explica que, como moradora do bairro, “não tinha como não participar dessa iniciativa” e espera conseguir fazer o plantio de plantas adequadas às condições da praça – considerando a área útil, a incidência de luz solar e a funcionalidade do espaço.

Os alunos voluntários do 7º ano, Maria Fernanda, André, Vinícius e Gabriela

Vinícius, outro aluno voluntário do 7º ano, acredita que será necessário conversar com os moderadores do entorno para que eles entendam a importância da ação e ajudem na preservação. “Podemos tocar as campainhas e conversar ou, então, enviar cartas explicando nossas ideias”.

Gabriela acredita que “um pouco que se faz hoje, pode fazer a diferença no futuro” e que esta ação pode ser o embrião de projetos similares no bairro da Pedra Branca.

O aluno André explica que, para terem apoio técnico na seleção da vegetação e eventuais mobiliário a ser utilizado no local, fizeram uma reunião com a Débora, estudante de Gestão Ambiental na USP, que trouxe muita informação. Além de conversarem sobre a praça, os estudantes partiram para temas mais amplos como vida em sociedade, ecossistema e futuro. “Foi simplesmente perfeito”, afirma Maria Fernanda.


GERAÇÕES

Muita história para contar e ouvidos curiosos para ouvi-las. Assim começa o relacionamento entre os alunos voluntários do 8º ano e a idosas do Abrigo dos Velhinhos Frederico Ozanam.

Vitória, uma das alunas participantes do projeto, conta que descobriu com tristeza que muitas das idosas não recebem nenhuma visita. Mas, sorri ao lembrar que a presença dos alunos do Cantareira no Abrigo trouxe muita alegria: “Foi um momento especial para todos nós.”

O aluno Augusto conta ter ficado impressionado com a história de vida de uma das idosas. “Ela me ensinou sobre resistência, já que perdeu dois filhos e seguiu em frente.”

Os alunos voluntários do 8º ano, Isabella, Vitória, Manu, Thainá e Augusto

Thainá lembra que as visitas podem ser também oportunidade para descontração e diversão. Por isso, os alunos pretendem ainda levar jogos “do tempo em que a idosas eram crianças” para que possam se divertir em conjunto.

As idosas foram convidadas para participar da festa junina na escola e todos estavam ansiosos pela chegada deste dia. Porém, uma delas adoeceu e a participação não foi mais possível. “Ficamos tristes, mas vamos fazer uma festa junina para elas lá no Abrigo”, conta a aluna Manu.

O fortalecimento das relações interpessoais entre as diferentes gerações e a promoção da troca de experiências entre os dois grupos são as bases do Projeto Geração.


TEMPO DE BRINCAR

Tayla afirma não ter afinidade com crianças, mas, como representante de sala do 9º ano, acredita que deveria servir de exemplo e participar como voluntária do Projeto Amigos da Crianças. “Me surpreendi! As crianças são ótimas, interagiram com a gente e me diverti. Foi gratificante, todos foram muito agradáveis e até suco a gente ganhou.”

Para ela, a oportunidade de estar com as crianças da Creche Perizinho, que vivem uma realidade muito diferente da dela e de seus colegas, é uma forma de se preparar para o futuro e “nos tornarmos já um pouco mais adultos”.

Já com Halanna foi diferente – ela conta ter jeito com crianças. “Eu não tinha por que não participar!”. Ela acredita que todos deveriam viver a experiência de simplesmente brincarem livremente com crianças. “Humaniza”, diz ela.

Os alunos voluntários do 9º ano, Maria Eduarda, Marcos Vinícius, Halanna e Tayla.

“O Thales não me soltava por nada”, diz com alegria a aluna Maria Eduarda sobre um das crianças da creche com as quais mais se afeiçoou. Para ela foi muito importante conhecer uma realidade diferente da sua e espera se encontrar novamente com seus novos amigos.

Além das visitas e brincadeiras, os alunos do 9º ano criaram, com o auxílio de professores do colégio, brinquedos com material reciclado. Marcos Vinícius diz que, apesar de ser “experiente” com crianças por ter muitos primos, a ideia de trazer significado com brinquedos criados pelos próprios alunos foi o que o motivou a participar.


Passados poucos meses do início dos projetos, os alunos voluntários estão cheios de ideias e motivação para as próximas etapas. Os aprendizados e experiências, tão significativos na formação dos adolescentes, são valiosos. “Quem aprende mais com estas trocas somos nós e não aqueles a quem ajudamos. Educar é um processo que nunca termina e crescer é um grande desafio”, diz a psicóloga Rosangela.

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