Escrita coletiva de textos

A escrita coletiva é um processo que pode ser utilizado com objetivos distintos em uma sala de aula. Ela pode envolver pequenos grupos, ou o grupo todo, ter a professora como escriba ou um aluno que seja capaz de atuar  neste processo de produção textual, mesmo antes de terem concretizado o processo de consolidação das habilidades de leitura e escrita.

No 1º ano B da professora Bruna, a produção coletiva de texto com crianças ainda não alfabetizadas tem proporcionado a elas a compreensão de que um texto escrito tem uma estrutura a ser seguida como o quê, para quem e com qual finalidade aquilo está sendo escrito. A participação de todo o grupo é fundamental, todos colaboram com atitudes de  defender ou rejeitar uma ideia, procurar as melhores letras ou palavras para frases e, à professora, cabe conduzir este processo no sentido de mostrar às crianças que, escrever exige organização de ideias para melhor comunicar aquilo que se deseja.

Ao 1° ano B Chuva  de Ouro foi ofertado diversas situações de escritas coletivas tendo crianças e a professora como escriba, entre olhares atentos e contribuições significativas, obtivemos resultados de muitos avanços, ampliação de repertórios de fala, escuta, escrita, oralidade e análise linguística.

Situação de escrita de bilhete coletivo, tendo a professora como escriba.
Situação de escrita de bilhete, tendo aluno como escriba.
Confronto de ideias e análise da escrita do texto
Escrita do texto final
Escribas do grupo 
Escribas do grupo 
Escriba não alfabético participando, sob orientação do grupo.

“O processo de alfabetização nada tem de mecânico do ponto de vista da criança que aprende. A criança constrói seu sistema interativo, pensa, raciocina e inventa buscando compreender esse objeto social complexo que é a escrita. “

Emilia Ferreiro

O quarteirão da minha escola

A observação e interpretação das paisagens próximas à escola como forma de desenvolver habilidades no campo da geografia nas crianças do 1º ano ao identificar os principais pontos de referência para sua orientação espacial, são fundamentais para a alfabetização geográfica.

De forma lúdica e, ao mesmo tempo, reflexiva, esta sequência propõe que a criança, por meio da observação do quarteirão da escola, desenvolva a capacidade de localizar e representar pontos de referência.

Pensando nisso, as crianças do grupo “Pau-Brasil da professora Katia, realizaram um passeio pelo quarteirão do colégio Cantareira com o objetivo de compreenderem o espaço em que vivemos.

No percurso, foram estimulados a observarem a variedade de elementos da paisagem, destacando o comércio local, moradias e os que fazem parte da natureza, como árvores e também as praças.

Durante a atividade, elas aprenderam sobre o que é um comércio, observaram que tipos de comércio temos em nosso bairro e, neste percurso, conversamos sobre as características dos espaços que habitamos. As crianças observaram que é preciso cuidar melhor das ruas, da limpeza das praças e, principalmente, sobre a nossa responsabilidade no cuidado com estes lugares. Ressaltamos a necessidade da conservação e da limpeza urbana, com o objetivo de estimular o desenvolvimento de uma cidadania ativa e participativa.    

Na volta, as crianças participaram de uma roda de conversa a respeito do que vivenciaram no passeio, e fizeram o registro coletivo de suas experiências, por meio de desenho de um mapa. Além do aprendizado, foi muito divertido caminhar com os amigos. Estamos prontos para a próxima aventura!

“Olha, prô, ali tem uma loja de gás!” – Antonio se referindo à distribuidora de gás de cozinha.

“ Tem escola de dirigir! ” – disse a Isadora sobre a autoescola.

“A BNCC do Ensino Fundamental – Anos Iniciais, ao valorizar as situações lúdicas de aprendizagem, aponta para a necessária articulação com as experiências vivenciadas na Educação Infantil. Tal articulação precisa prever tanto a progressiva sistematização dessas experiências quanto o desenvolvimento, pelos alunos, de novas formas de relação com o mundo, novas possibilidades de ler e formular hipóteses sobre os fenômenos, de testá-las, de refutá-las, de elaborar conclusões, em uma atitude ativa na construção de conhecimentos. Nesse período da vida, as crianças estão vivendo mudanças importantes em seu processo de desenvolvimento que repercutem em suas relações consigo mesmas, com os outros e com o mundo.” 

 (BNCC, 2018, p. 58)

Processo de Plantio

Em projetos como da  Mostra Cultural 2023, as crianças do grupo G5B, propusemos experiências e interação com o mundo exterior, com a natureza e seus ciclos como forma de enriquecer o repertório de conhecimento das crianças.

De forma significativa, as discussões permearam o tema da fome e de como acabar com ela no mundo. A sensibilidade e consciência de cada criança sobre o assunto nos chamou muito a atenção e, apesar de muito pequenas, elas compreendem que o desperdício de alimentos pode gerar grandes problemas e que podemos ajudar a solucionar, começando a ter boas atitudes dentro da nossa própria casa e também na nossa escola, não desperdiçando alimentos na hora do lanche, por exemplo, bem como que a agricultura familiar pode contribuir.

Após conversar sobre várias formas de combater a fome…

Encontramos uma solução que fez muito sentido para as crianças do grupo, uma forma de produzir e cuidar de novos alimentos. E além de contribuir com o meio ambiente, teremos muitas hortaliças deixando nossa escola colorida e perfumada…VAMOS FAZER UMA HORTA!!!

Além de utilizar água, terra e as sementes, o cuidado diário foi o principal ingrediente…

JOAQUIM : “PRECISAMOS COLOCAR AS SEMENTES BEM LÁ NO FUNDO DA TERRA”.

SOPHIA: “DEUS NÃO FICA FELIZ QUANDO ALGUÉM PASSA FOME”.

LÍVIA V.: “PRECISAMOS COLOCAR TUDO COM MUITO CUIDADO PARA NÃO DESPERDIÇAR NADA!” .

“As crianças vivem inseridas em espaços e tempos de diferentes dimensões, em um mundo constituído de fenômenos naturais e socioculturais. Desde muito pequenas, elas procuram se situar em diversos espaços (rua, bairro, cidade etc.) e tempos (dia e noite; hoje, ontem e amanhã etc.).

Demonstram também curiosidade sobre o mundo físico (seu próprio corpo, os fenômenos atmosféricos, os animais, as plantas, as transformações da natureza, os diferentes tipos de materiais e as possibilidades de sua manipulação etc.)…”

BNCC- Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações

Dia de plantio

“Quando plantamos e colhemos, podemos ter comida.”

Isabella

Depois de alguns dias de chuva e frio, um dia bonito para fazer um plantio. Vaso, terra, sementes, pás e regadores foram organizados para receber as crianças que estavam empolgadas com o momento de plantar, mexer na terra e observar as sementes crescendo.

Neste projeto, as crianças do G5 conversaram sobre como imaginam que poderíamos acabar com a fome no mundo e a agricultura foi tema desta discussão.

Enquanto caminhavam até o pátio, a professora ouvia suas trocas em meio a curiosidades…

– Será que dá para plantar uma abóbora num vasinho? – pergunta João ao amigo Joaquim.

-Não, né?! Só se depois que a folhinha aparecer a gente plantar no chão, porque uma abóbora é muito grande!

Mas como organizar tudo para se fazer um bom plantio sem que as sementes se misturassem? A professora os questiona e Hayla diz:

– Temos que por cada coisa num cantinho.

– Boa ideia! – contempla a professora. – Porém temos apenas uma jardineira, como separaremos cada espacinho para cada plantio?

– Por plaquinhas! – antecipa Gabriella

– Sim, mas e dentro da jardineira, como podemos dividir esse espaço? – Problematiza a professora.

Faz-se um silêncio e Joaquim então sugere dividir com linha. Uma boa estratégia se fosse um local maior. Elas se olham sem saber como resolver essa situação.

– E se fizermos com pedrinhas? – sugere a professora.

-Isso! – anima-se João – E a gente pode pegar pedrinhas nas plantas lá do outro lado (referindo-se ao Fundamental). As crianças concordam e buscamos juntos as pedrinhas para preparar nossos vaso de plantios.

Organizando o plantio

Com as pedrinhas já colocadas e as plaquinhas organizadas para receber cada uma das sementes, as crianças foram desafiadas a tentar descobrir a partir da hipótese de leitura, qual seria cada uma das sementes para cada espaço.

Separados cada qual em seu lugar, iniciamos o plantio que rendeu muito cuidado, conversas e expectativas. Agora restava apenas a paciência para ver se a germinação ocorreria.

Não demorou muito e logo os pequenos brotinhos começaram a crescer, e os alunos do G5 A assim se revezavam para poder regá-los.

Elas foram crescendo e recebendo muito carinho das crianças, que se preocupavam em saber se a terra estava molhada, se o sol batia naquele espaço e se ninguém mexeria na terra.

Aos poucos uma a uma foi brotando e aparecendo, mostrando a todos que, com dedicação, podemos produzir alimentos que farão parte do cardápio familiar.

Meu caminho

As rodas de leituras na Educação infantil são momentos únicos e potentes e um convite para as crianças se conectarem com o mundo da literatura e da  imaginação.

A partir da leitura da história “Zekeyê vai à escola”, o grupo do G4 B da professora Paula conheceu as aventuras de um menino da cultura africana em um percurso diário até a escola e, a partir das primeiras percepções, surgem as falas:

“Ainda bem que ele sabia o caminho!”

“Eu sei o caminho da minha casa também, mais precisa passar na frente do bombeiro…”

“EU TAMBÉM! A gente mora perto então, mas na minha tem a casa amarela também!”

Observamos que as crianças atentaram às referências, ao espaço geográfico ao redor, à distância em sua rota diária. Então, a professora os convidou para uma roda de conversa sobre esse trajeto e logo surge o convite para que registrassem esse percurso assim como Zekeyê.

Mãos na massa (e na canetinha) para este registro que traz a percepção  individual de cada criança dos espaços geográficos na caminhada de casa até a escola ou ao sair de casa e observar pela janela do carro.

O resultado é sempre rico, com registros e narrativas únicas e cheias de significado para esta turma tão potente!!!

“A prova do sucesso da nossa ação educativa é a felicidade da criança”.

Maria Montessori

Nome Próprio

No cotidiano da Educação Infantil as aprendizagens envolvem o desenvolvimento social de cada criança, sua identidade e compreensão da individualidade. Reconhecer o nome próprio é uma forma de cada criança estar no espaço da escola, como indivíduo social.

Aqui no grupo do G4A da professora Beatriz, aprender sobre o nome próprio acontece de forma natural, leve e durante as brincadeiras e, nesta proposta, as crianças exploram as letras que o compõe através do jogo com o alfabeto móvel. As letras móveis proporcionam liberdade e leveza para que as crianças explorem e, com o apoio da tarja do nome, elas o fazem com muita segurança.

Conforme vivem suas primeiras experiências sociais (na família, na instituição escolar, na coletividade), constroem percepções e questionamentos sobre si e sobre os outros, diferenciando-se e, simultaneamente, identificando- se como seres individuais e sociais.

Ao mesmo tempo que participam de relações sociais e de cuidados pessoais, as crianças constroem sua autonomia e senso de autocuidado, de reciprocidade e de interdependência com o meio.

(BNCC – O eu, o outro e o nós)

Registro com argila

Os projetos que permeiam o grupo da Primeiríssima infância surgem como um convite para que as crianças conheçam e explorem o mundo.

Habitar um mundo curioso, cheio de vivências prazerosas e encantadoras é o que constitui uma infância saudável, mas também a possibilidade de construírem conhecimentos científicos desde muito cedo.

Nas pesquisas feitas todo dia na escola, elas estão atentas às transformações, ao movimento corporal e às emoções ao contemplar as descobertas.

Neste sentido, as crianças da Primeiríssima infância A foram convidadas a explorar o registro com um elemento já conhecido, a argila. Porém ela estava em um estado diferente: em pó!

O convite era desenhar e trazer forma aos rastros que a nova textura permitia.

Na medida que o elemento era manipulado, as crianças notaram que era possível que ele flutuasse no ar, perceberam sua leveza e passaram a soprá-lo… quando notaram que a argila estava por todo lado, incluindo seus corpos e roupas. Foi uma festa!

A partir disso, uma nova possibilidade de exploração surge, trazendo uma encantadora pesquisa que terá continuidade para as crianças do grupo!

A casa

Durante uma sexta-feira de outono, o sol e o calor vieram nos presentear e proporcionou mais uma brincadeira ao ar livre.

Ao chegar no parque do brinquedão, as crianças avistaram um tecido sobre os pilares de madeira.

Empolgada, Laura caminha até o local dizendo: “Olha! Uma casa!”. Aos poucos, as crianças foram entrando e se sentando.

“Prô, você não pode entrar aqui, é só crianças!”

Laura

“Fecha a janela para ela não entrar!”

Giovanna

“Vem Julia, tá começando a chover!”

Maya

De “porta fechada” as crianças conversavam sobre o que tinha  na casa.

“Nessa casa tem bolo quentinho…” – Maya

“Tem pirulito também!” – Giovanna

“Comida!” – Gabriel

Lucca observa e escuta  atentamente toda conversa, na sequência engatinha até o túnel, se vira e acena para seus amigos se despedindo: “Tchau!!”

Na sequência, Maya, Laura, Giovanna, Júlia e Gabriel se deslocam em direção ao túnel, repetindo a ação do amigo… Tchau, tchau.

A brincadeira se repete na semana seguinte…

“Prô, você pode colocar o tecido para ser o telhado da nossa casa?”– Laura

Mas agora com uma casa mais refinada…

“Na casa tem rede” – Vicente

“Tem sofá também! “, diz Giovanna entregando um pneu para os amigos.

“Ou uma caminha…” –  diz Giovanna se deitando sobre o pneu.

“Prô, você pode colocar o tecido para ser o telhado da nossa casa?”- Laura

Mas agora com uma casa mais refinada…

“Na casa tem rede” – Vicente

“Tem sofá também! “, diz Giovanna entregando um pneu para os amigos.

“Ou uma caminha…” –  diz Giovanna se deitando sobre o pneu.


“É no brincar, e somente no brincar, que o indivíduo, criança ou adulto, pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral; e é somente sendo criativo que o individuo descobre o eu”.

(Winnicott, 1975, p.80)


Pesquisas de mundo

Crianças pequenas precisam de tempo para suas pesquisas de mundo. Esse mundo está repleto de novidades e, para elas, estar nele já é motivo de descoberta.

As educadoras do berçário, observaram que a areia é sempre um material de muito interesse para as crianças, e a partir das idas ao quintal, percebemos algo a mais: a sensação que ela causa em cada uma delas.

Para essa pesquisa, as bacias de areia foram os objetos a serem pesquisados, a areia e sua cor, sua textura, a forma como cai das mãozinhas e se pode tentar pegá-la colocando de volta na bacia. Uma pesquisa de muito movimento e curiosidade. 

Para as crianças do berçário, a areia já se tornou um elemento familiar, mas que continua sendo apreciado nas experiências sensoriais como esta.

A função social da escrita

Escrita de bilhete

O mundo da leitura e escrita está na vida de nossas crianças muito antes delas estarem na escola. No 1º ano é preciso criar situações de aprendizagem que as leve a se apropriarem da escrita de maneira natural e sobretudo com propostas que estejam relacionadas ao dia a dia, que tenham sentido para elas. Assim, valorizamos os conhecimentos prévios que cada uma traz acerca da escrita,  a fim de que essa produção tenha significado para elas.

À medida que a criança vai adquirindo novos conhecimentos, ela percebe a função social que a linguagem tem, sente o desejo de ler e de escrever, entendendo a importância que a escrita tem para comunicar algo, informar ou expressar desejos e ideias ou mesmo narrar uma história.

Diante desses conhecimentos, as crianças do primeiro ano B – Chuva de Ouro- se apropriaram do gênero textual BILHETE. Ainda muito presente na vida de muitas pessoas, o bilhete traz muito significado para elas, uma vez que podem, através dele, mandar uma mensagem escrita para uma pessoa próxima ou amigos.

As crianças ficaram muito curiosas com essa possibilidade e trouxeram falas coerentes:

“Prô, a gente envia o bilhete pelo correio?”

“Minha mãe deixa recadinho na geladeira para não esquecer as coisas”.

“Minha mãe manda bilhetinho na lancheira”.

Escrevemos bilhetes para as famílias, escrevemos bilhetes para outros grupos, escrevemos bilhetes para a direção da escola fazendo um convite. Foram importantes situações de escrita que ampliaram os saberes do grupo acerca deste gênero textual, transformando a alfabetização em algo muito prazeroso.